PEIXE NA BEIRA DO MAR

Um, dois, três, já! Se a onda não vem pegar, estarão todos na beira-mar. Um com uma rede, um com um barquinho de madeira e um gritando com um carangueijo grudado na ponta do dedo. Um outro vem correndo e dizendo cuidado que hoje tem medusa e vai embora. Mas menino que é menino tira o caragueijo do dedo, engole o choro e responde que quem tem medo de medusa é peixe!
Tiram uma rede sabe-se lá de onde. Um farrapo, um trapo tão cheio de remendos que nem parece rede de pescar. A água vai e vem e quando vem ele lança a rede e puxa esclamando ter visto um linguado dando sopa por ali. Puxam a malha com tanta força que até dá para pensar que estão pescando tubarão, mas é quando o todo sai da água que rodopiam de felicidade com um linguadinho de cinco centímetros. O do dedo minguado pelo carangueijo diz que vai fazer sopa do peixinho. Sopa de que? Joga de volta no mar esse migalho!
Ficam parados ali olhando o boto que serpenteia perto dos barcos e o sol que está se pondo. Recolhem a redezinha, jogam o peixe no mar e vão embora empurrando o barquinho satisfeitos como se tivessem feito a melhor pescaria do dia.
E foi.
Para mim foi.

Superagui, dezembro de 2011