Arrêtes de lire au toilette sinon tu auras des hémeraudes.
Lulú achava que andar na beira do rio era o melhor dos
passeios. Jogar pedras na água e enfiar as
redondinhas no bolso, que ia embora pendurado como caxumba.
Na segunda-feira
teve arroz, feijão e berinjela no cardápio.
Na terça-feira teve macarrão, abobrinha e peixe.
Na quarta-feira
Lulú fez cara feia e só comeu iogurte. Disse
que não gostava de beterraba.
Na quinta-feira
teve grão-de-bico, frango e
tomate.
Na sexta-feira
teve espinafre, brócolis, batata e bife.
No sábado teve brócolis novamente, e alho porró.
Dizem que não há melhor relógio que o nosso biológico.
Pare de ler no
banheiro, senão você terá esmeraldas!
Lulú olhou e respondeu:
— Então venha logo pegá-las! Hoje elas estão bem verdinhas!
— Então venha logo pegá-las! Hoje elas estão bem verdinhas!
2. BEURRE BRÉTON
— Alemanha?
— Chucrute!
— Japão?
— Shushi!
— França?
— Ihhh, tem várias. Depende do lugar.
O jogo era assim: um dizia o nome
de um país e o outro respondia com o
nome de uma especialidade culinária. A
conversa começara com uma história em torno do arroz e do feijão, concordaram que por causa dos anos
passados ingerindo a mesma coisa, comiam os grãos da
mesma forma com que faziam xixi: com pressa, sem apreciar o momento. Era o
arroz o feijão e a mistura, como se os
dois primeiros já viessem colados ao prato — um quadro de assemblage cubista — e só o segundo podia ter variantes,
quando tinha. Às vezes era só arroz e feijão.
— Parece que no sul é ratatouille...
— E nas montanhas?
— Batata com queijo, queijo com queijo
e pão... Esqueci o nome dos pratos.
— Tudo isso regado a vinho, né?
— Olha, tá dizendo aqui na internet que cada francês consome uma média de 44 litros de vinho por ano!
— Já contou
quantos litros a gente deve beber de caldo de feijão? Daquele caldo que escorre pelo fundo do prato
atravessando o arroz?
Pesquisaram os litros de café bebidos pelos brasileiros, os litros
de cerveja bebidos pelos alemães, os
litros de água consumidos pelo povo do Sudão, ficaram preocupados e decidiram voltar à França.
— Você já leu Asterix e Obelix?
— Não, já vi o filme. Bacana! Eles comem
porco-do-mato... Caramujo...
— Cara, a gente come coração de galinha e mulher não faz topless!
— Qual é essa
de topless?
— Nada, só que não vemos
as mesmas possibilidades nas coisas... Você come
caramujo, pato, queijo com fungo, você faz
topless?
— Não...
Continuaram num bate-boca sobre a
comestibilidade do pato e do fígado do
pato. Decidiram que tudo ficava melhor com manteiga.
— Parece que na Bretanha, tudo é feito com manteiga. Não é pão com manteiga, mas manteiga com pão. Queijo com manteiga. O croissant
leva mais manteiga que farinha, sabia?
— Deve ter uns pares de vacas na
Bretanha para dar conta de tanta manteiga!
Mas o que eles não sabiam nesta conversa — coisa que vou lhes contar um dia — é como a
manteiga dos bretões é fabricada. Depois você vai lá, conta para eles e talvez a
conversa vá para frente.